seg. fev 3rd, 2025
Estudante André Ataíde, de Marabá, é alvo da operação por chefiar a fraude

A Polícia Federal está investigando a suposta participação de três estudantes de medicina do Piauí em um esquema de fraude envolvendo a aprovação em vestibulares. De acordo com as informações da PF, um total de 63 pessoas estariam envolvidas em diversos delitos. Desses, 33 teriam atuado diretamente na execução de provas fraudulentas, fornecendo também suporte externo para a resolução de questões em avaliações online. Já os outros 30 seriam candidatos que teriam pago para obter a aprovação de maneira ilegal. No Piauí, uma candidata já foi identificada, e sua casa, localizada na região litorânea, foi alvo de mandados de busca e apreensão.

O delegado Regional Executivo da Polícia Federal do Piauí, Ezequias Martins, relatou ao portal Cidadeverde.com que o estudante de medicina André Rodrigues Ataíde, de 23 anos e natural de Marabá, teria criado uma rede estruturada para facilitar fraudes em vestibulares. O esquema de André se expandiu por quatro estados brasileiros: Piauí, Pará, São Paulo e Tocantins.

Segundo o delegado, o estudante cobrava, em média, R$ 2 mil por prova fraudada, embora o valor variasse de acordo com a condição financeira dos contratantes. “Ele adaptava os valores, cobrava menos de quem tinha menos recursos. Em alguns casos, fazia a prova e acabava não recebendo o pagamento”, relatou Ezequias Martins, que começou a investigar o caso quando ainda atuava em Marabá.

No último dia 16, a Polícia Federal cumpriu 27 mandados de busca e apreensão como parte da 4ª fase da Operação Passe Livre. No Piauí, a operação ocorreu na cidade de Parnaíba, especificamente na residência de um dos suspeitos. Toda a operação foi conduzida pela Polícia Federal do estado do Pará.

O estudante André Ataíde já havia sido preso no início de 2024, sob suspeita de ter feito as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 e 2023 utilizando a identidade de terceiros. Após a prisão e o início das investigações, ele cancelou sua matrícula na Universidade do Estado do Pará, onde respondia a um processo que poderia resultar em sua expulsão. Mesmo assim, André continuou a cursar medicina na Faculdade de Ciências Médicas do Pará, Afya/Facimpa, na cidade de Marabá.

O esquema de fraude

A fraude investigada consistia na manipulação de sistemas de segurança das provas de vestibulares online de diversas instituições de ensino superior, especialmente nas faculdades de medicina. A ação criminosa permitia que terceiros tivessem acesso às questões dos exames de maneira indevida. Em alguns casos, pessoas ligadas ao grupo criminoso realizavam a prova no lugar dos candidatos pagantes. Durante as investigações, foram encontradas evidências de que a fraude foi executada em massa, com a realização simultânea de provas fraudulentas para até nove candidatos, utilizando uma rede de colaboradores para resolver as questões.

Caso as suspeitas sejam confirmadas, os envolvidos podem ser indiciados por crimes como estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documentos falsos, além de outros crimes que possam ser identificados no decorrer das investigações.

Pronunciamento da universidade Afya/Facimpa

A Afya/Facimpa, uma das instituições envolvidas, esclareceu por meio de nota que possui dois métodos distintos de ingresso em seus cursos de graduação. Um deles é através das notas do Enem, exame aplicado pelo governo federal. A universidade afirmou estar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e forneceu todas as informações solicitadas, comprometendo-se a tomar as medidas cabíveis conforme prevê a legislação.

Em relação ao vestibular próprio da instituição, a Afya/Facimpa utiliza um sistema de prova online considerado um dos mais avançados em termos de segurança. O sistema adotado é similar ao utilizado em provas internacionais, como o Toefl, e foi desenvolvido para monitorar os candidatos e garantir a integridade do processo seletivo. O sistema, alimentado por inteligência artificial, grava o candidato em tempo real e realiza monitoramento por áudio e vídeo durante toda a prova, bloqueando ou desconectando o candidato em caso de suspeita de fraude. Situações como o uso de celular, a abertura de outras telas no computador ou a ausência do candidato em frente à câmera resultam na interrupção automática da prova.

Além disso, a realização das provas é acompanhada por monitores e fiscais conectados ao sistema de monitoramento, que podem solicitar imagens detalhadas de eventuais comportamentos suspeitos, desclassificando imediatamente os candidatos em caso de irregularidades.

A universidade reafirmou seu compromisso com a transparência e com a integridade de todos os seus processos acadêmicos. A Afya/Facimpa destacou que não tolera condutas que vão contra os princípios legais e éticos da instituição e que, havendo comprovação de irregularidades, as medidas disciplinares apropriadas serão aplicadas.

Contexto do caso e implicações

Esse tipo de esquema fraudulento destaca uma falha preocupante no sistema de ingresso em faculdades de medicina, um curso de alta demanda e prestígio. A prática de fraudes em vestibulares coloca em risco a credibilidade das instituições de ensino e cria um ambiente injusto para aqueles que se dedicam ao estudo e à preparação de maneira honesta. Além disso, a entrada de estudantes não qualificados em cursos de medicina pode comprometer a qualidade da formação médica no Brasil, afetando futuramente a prestação de serviços de saúde.

Operações como a Passe Livre, conduzida pela Polícia Federal, são cruciais para combater esse tipo de crime, garantindo que a meritocracia prevaleça nos processos seletivos e que os profissionais formados nas universidades estejam realmente aptos para exercer suas profissões. A colaboração das instituições de ensino e o uso de tecnologias avançadas de segurança são fundamentais para impedir que novos casos de fraude aconteçam.

No entanto, o caso também acende um alerta sobre a necessidade de aprimorar a fiscalização e a segurança nas provas online, especialmente em um cenário cada vez mais digital. A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção de avaliações remotas, e com isso, novos desafios surgiram no que diz respeito à integridade dos processos seletivos.

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By O parnaibano

O parnaibano é um observador atento dos acontecimentos em Parnaíba e região, comprometido em manter a população bem informada e inspirada a contribuir para o crescimento e a prosperidade da nossa planície litorânea.

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