O caso de envenenamento em Parnaíba voltou a ganhar repercussão após a audiência de instrução e julgamento realizada nesta sexta-feira (05). O pedreiro Francisco de Assis Pereira da Costa, acusado junto à esposa, Maria dos Aflitos, pela morte de oito pessoas da mesma família, prestou depoimento e negou participação nos crimes.
Ele tentou atribuir a responsabilidade das mortes à vizinha Jocilene da Silva, que, segundo a polícia, mantinha um relacionamento amoroso com Maria dos Aflitos.
Relato emocionado sobre as primeiras mortes
Francisco de Assis recordou as primeiras vítimas, os irmãos João Miguel e Ulisses, e afirmou ter tido forte vínculo com eles. Em lágrimas, disse que tratava João Miguel como filho.
“Esse menino era muito querido por mim, levava ele na casa da minha mãe, dava comida na boca dele, deitava com ele. Sofri muito com a morte dele”, relatou.
Ainda em seu depoimento, afirmou que sempre desconfiou da vizinha Jocilene e que a hipótese de envenenamento por caju, levantada inicialmente pela família, não lhe parecia convincente.
Confraternização de Ano Novo e desconfiança sobre vizinha
Sobre o episódio de 1º de janeiro de 2025, Francisco relatou que participou da ceia de Ano Novo com a família e não percebeu nada suspeito até que os primeiros sintomas surgiram.
Segundo ele, a vizinha Jocilene esteve na residência, acompanhada de Maria dos Aflitos, e teria tido acesso à cozinha momentos antes da refeição. Ele disse que evitou comer parte da comida contaminada por dificuldades para mastigar.
Pouco tempo após a refeição, Manoel Leandro, de 18 anos, foi o primeiro a passar mal. “Nisso a gente começou a dar atenção para ele, ele piorando. Fui chamar a Joyce para ligar para o Samu”, contou.
Questionado, Francisco afirmou: “Só vai na minha mente essa Joyce Lima”.
A morte de Maria Jocilene
O caso ganhou novo capítulo com a morte da própria Jocilene, última vítima do envenenamento em Parnaíba. Segundo o delegado Abimael Silva, Maria dos Aflitos teria envenenado a companheira com café, na tentativa de transferir para ela a culpa pelos crimes.
A estratégia não funcionou, pois a polícia chegou rapidamente ao local, recolheu provas e ouviu testemunhas.
Investigação aponta crimes premeditados
De acordo com o delegado responsável, as mortes foram planejadas por Maria dos Aflitos e Francisco de Assis. A motivação estaria ligada a conflitos familiares e dificuldades financeiras.
“A gente acredita que eles agiram em coautoria nos dois primeiros casos, premeditaram os crimes. A intenção era eliminar os familiares e ficarem apenas os dois”, explicou o delegado.
Vítimas do envenenamento em Parnaíba
- João Miguel Silva (7 anos)
- Ulisses Gabriel Silva (8 anos)
- Manoel da Silva (18 anos)
- Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses)
- Maria Lauane (3 anos)
- Francisca Maria (32 anos)
- Maria Gabriela (4 anos)
- Maria Jocilene da Silva (41 anos, vizinha)
Um caso que repercutiu nacionalmente
O envenenamento em Parnaíba se tornou um dos crimes mais emblemáticos do Piauí nos últimos anos, pela quantidade de vítimas e pelas circunstâncias trágicas. As investigações seguem em andamento, e o caso permanece em julgamento.
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